Segundo o médico especializado em medicina do esporte, Renato Romani, professor do Cemafe (Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte), órgão ligado à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), é preciso respeitar a faixa etária da criança em relação ao esporte. "E, acima de tudo, optar pela modalidade de que ela gosta."
O médico, portanto, aconselha prestar atenção nas fases da criança antes de exigir alta performance:
1 a 6 anos - É uma fase em que se busca o equilíbrio motor, por isso o esporte deve ser lúdico. "Deve servir como detalhe ou pretexto para aprender a correr, pular e cair".
7 a 12 anos - Aqui se começa o aprimoramento das técnicas. Mas é preciso variar as modalidades para evitar os movimentos repetitivos, que não colaboram com o desenvolvimento pleno. "É um erro colocar a criança em um esporte somente, como acontece muito com os meninos que só praticam futebol."
A partir de 13 anos - O corpo apresenta maior desenvolvimento, e o gosto por um esporte em especial é determinante. "Essa fase gera memória, ou seja, quando ficar adulto vai se lembrar que treinava tal esporte, o que facilita a volta à atividade física - tão importante para evitar o sedentarismo e criar um estilo de vida saudável."
Segundo Romani, o elemento competição é importante na formação da pessoa, pois favorece a sociabilidade, o respeito às regras, o conhecimento da diferença entre a vitória e a derrota e empenho para ter sucesso. "Mas é preciso praticar o esporte de que gosta", disse.
Outra recomendação do médico do esporte é prestar atenção no técnico. Esse profissional precisa ter bom senso para evitar exageros nos treinos, além de respeitar a criança, sem xingamentos ou exigências descabidas. Porém, nem todo mundo nasce com o dom para atleta. O jeito é prestar atenção na criança para perceber se ela está gostando ou não do esporte.
Se ela apresentar os comportamentos abaixo, é melhor rever a prática do esporte:
- Usa desculpas para não treinar
- Sente dores
- Se comporta de forma agressiva
Por outro lado, uma "criança talento" já se destaca das outras logo cedo por ter mais facilidade para o esporte. Os treinos para competição podem ficar mais intensos a partir dos 14 anos, mas não há regras, pois depende das características individuais. "E a competição tem seu lado bom: envolve a família e amigos, que participam tanto do dia a dia quanto dos jogos ou provas", disse Romani.
O médico, no entanto, disse que o esporte nem sempre é tão bonito. E os pais precisam discernir o bom e o ruim da prática esportiva. "Isso porque o indivíduo pode começar a usar drogas, como anabolizante, para melhorar a performance, por exemplo."
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